sexta-feira, dezembro 15, 2006

Brasil – eu não acredito mais.

Deus, dá-nos uma semente de revolta!
Só uma convulsão social muda os rumos desse país.

quarta-feira, novembro 22, 2006

"É fim do mês, é fim do mês"

Não tenho facilidade de escrever e por isso preciso de muitas horas disponíveis para tal atividade. Como dezembro é para mim mês impraticável, encerro com este post o mês de novembro e também o ano de 2006. Ficaram na gaveta textos que quero muito escrever por necessidade pessoal de desenvolvimento temático. Entre eles: "A fé prática de Abrahão", "Igreja - a Rebeca de Cristo", "O pequeno deus da teologia relacional" e tantos outros títulos e temas que estão simplesmente no rabisco ou na cabeça... deixa vir 2007. O próximo semestre será mais light com minhas tarefas de trabalho.
Ao que por aqui passar deixo meus votos de um bom natal e um bom reveillon, seguidos do meu verdadeiro desejo que cumpra-se ao seu respeito as palavras da Carta aos Romanos no capítulo 8 versos 29 e 30. Fui!

quarta-feira, novembro 01, 2006

Amarás pois... demonstrando amor

Nenhum relacionamento se mantem vivo e verdadeiro somente sob declarações de amor e de afeto. Faz-se extremamente necessário e saudável que os sentimentos sejam, sempre que possível, demonstrados em práticas. Quem ama tem prazer em não somente dizer que ama, mas também em demonstrar de tantas maneiras quanto for capaz a verdade e a força do sentimento que traz na alma. Por sua vez, a pessoa que é alvo desse amor tem prazer em ouvir, ver e sentir que é amada.
Relacionar-se com Deus não é em nada diferente disso. Ele também exige amor verdadeiro, declarado e demonstrado. Declarações vazias e religiosas de amor e afeto não o atraem de maneira alguma – "Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor" Isaías 29.13.

No último livro do Pentateuco, Moisés já expressava, de forma resumida e clara, a necessidade do amor vivo por Deus (Deuteronômio, capítulo 6 verso 5) e muitos séculos depois, Jesus faz menção desse trecho adicionando um resumo dos versos subseqüentes (7,8,9), incluindo "com todo teu entendimento" ao Escrito. Assim, sob o "crivo" do Filho de Deus, temos registrado no Evangelho de Marcos o maior mandamento de todos. Vejamos-o por partes:

Ame o Senhor teu Deus de todo o teu coração
Com sinceridade, com zêlo e entregando-se a ele por inteiro.
Vide: IICrônicas 34.31, Jeremias 29.13, Salmo 119.2 e 69, IReis 8.23.

Ame o Senhor teu Deus de toda tua alma
Com todo teus sentimentos, apegando-se a ele com gratidão e admiração.
Vide: I Samuel 1.15, Salmos 34.2 e diversos pontos em Salmos 103,104,105 e 145

Ame o Senhor teu Deus de todo teu entendimento
Sem desprezar ou esquecer sua Palavra, fazendo dela, todos os dias e em todos os momentos, norteadora da tua própria vida.
Vide: Salmo 1.1, Salmo 119.11-14, Rm 12.2, Jo 14.21

Ame o Senhor teu Deus de todas as tuas forças
Com tenacidade, em qualquer situação, sob qualquer custo, ame-o sempre.
Vide: Jó 19.25-27, Hc 3.17 e 18; Hb 12.3 e 4

Resume-se aí a conduta, os sentimentos, a razão e a resistência do amor que Deus espera de nós. Amor que não se apresenta sob o hábito da religião ou sob regras humanas de comportamento; amor que admira, que exalta e se alegra em gratidão; amor que se aproxima, que conhece, que entende e busca aperfeiçoamento; amor que resiste intempéries, mentiras e insegurança e triunfa sobre todos os sofrimentos.

Não nos iludamos: Deus não se deixa enganar. Não há como tratá-lo com hipocrisia. Se nele cremos, relacionemo-nos pois com ele amando-o como também gostamos de ser amados.

Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
Evangelho de Marcos, capítulo 12 verso 30.

Marcelo Belchior - 1/11/2006

sexta-feira, setembro 29, 2006

O gato hipoalergênico

Isaltino Gomes Coelho Filho
Joshua é o primeiro gato hipoalergênico (não produz alergia) do mundo. Produzido em laboratório, tem um ano e meio de vida. Inaugura uma espécie de gatos que estará à venda nos Estados Unidos, a partir de 2007, por quatro mil dólares. Há 30 milhões de americanos alérgicos a gatos, e que poderão ter um. O cálculo me impressiona: 30 milhões! Como americano é inteligente! Calcula até gatófilos alérgicos.
Gosto de gatos. Tive o Platão, Aristóteles, Sócrates, a Xantipa (mulher do Sócrates), Hegel, Schleiemacher, Kierkegaard e, menos sofisticada, a Ana Júlia. Tenho o Mahavira Rambo Gomes Coelho. Meu filho, um bom arquiteto, que seria um excelente veterinário, enche-nos de bichos. Deu-nos o Mahavira. Como tem pedigree, deu-lhe seu sobrenome. Que é o meu. O sobrenome cultivado desde d. Júlio Diniz (pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho) está num gato.
O homem é um gigante tecnológico e um pigmeu ético. Produz máquinas sofisticadas, mas não consegue viver com o próximo nem consigo. Fez o telescópio Hubble que lhe permite ver longe, milhões de anos luz. Mas não vê dentro de si. Disse Billy Graham: "É esta a geração que produziu o DDT para matar insetos, o 2-4-D para matar ervas, a fórmula 1080 para matar os ratos, e também E=MC ao quadrado para destruir a raça humana" (Mundo em chamas, p. 31).
Muitos pensaram que a tecnologia nos daria um paraíso terrestre. Eliminaríamos as doenças, resolveríamos as mazelas sociais com educação, e políticas sociais bem aplicadas trariam a sociedade perfeita. Explicamos tanta coisa! Intriga-me que de um ossinho encontrado se crie um esqueleto e conheçamos um novo ancestral, na escala da evolução humana. Com um osso do metatarso se conclui como era o olho e o tamanho do cérebro. Os cientistas são tão inteligentes como os calculadores de alérgicos a gatos. Explicamos tudo, menos a maldade humana. Como explicar Suzane Richentoff, massacres humanos, a corrupção que no Brasil parece tiririca, e outras coisas? Rouba-se verba de merenda escolar e hospitais!
Sobram explicações e soluções. "Educai as crianças e não será preciso punir os homens", já ouvimos. Os autores das câmaras de gás eram engenheiros. Experimentos sádicos foram feitos por médicos nazistas. Um programa de televisão mostrava aulas de balé dadas numa favela. Isso diminuiria a violência. Pobre não é violento por ser pobre. E balé não mitiga violência.
A sociedade rejeitou o ensino bíblico sobre o pecado. É transgressão da vontade de Deus para nós. Não se elimina com engenharia genética ou melhora social. Podemos produzir vacinas e tratamentos para todas as enfermidades. Mas a que se chama pecado não pode ser curada por nós. Nenhum laboratório pode criar um homem alérgico ao pecado. O mito da bondade inata do homem se desmancha diante dos fatos. "De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido" (Sl 51.4) mostra a força do pecado. Ele não é opcional. Nem evitável. Todos somos pecadores. Não há pessoas boas. E pecado, como bem acentuou Lutero, não é questão moral, mas teológica: desprezo a Deus, ao seu juízo e à sua graça.
Não há hipoalergenia ao pecado. Somos dominados por ele, e por causa dele cometemos pecados. Mas há uma vacina contra os seus efeitos: a graça manifestada em Jesus Cristo. Não foi produzida em laboratório, mas na cruz do Calvário. Ela impede a morte eterna, e um dia, com o Médico que a produziu, Jesus, teremos a perfeição, a cura completa.
Mais importante que Joshua é Jesus Cristo. Parabéns aos engenheiros genéticos que produziram o Joshua. Glórias a Deus que nos deu seu Filho, que nos purifica de todo o pecado. Não só 30 milhões de americanos, mas o mundo todo precisa de Jesus, o maior remédio de todos os tempos para a maior enfermidade da história, o pecado.

O Jornal Batista, edição 41/2006

quinta-feira, setembro 21, 2006

Deus é biologia – Jesus é história

A fé cristã por razões racionais Sua marca está em todo universo e, em tudo que vemos, quanto mais conhecemos, mais precisamos admitir sua existência e domínio. "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." Salmos 19.1 Quanto mais a ciência desenvolve-se, menos pode afirmar que não há provas da existência de Deus. Assim, agora o rotulam como LUCA(1) (Last Universal Common Ancestor — Último Antepassado Comum Universal). Antes, quando o átomo era indivisível, as moléculas lineares ainda não falavam em hereditariedade, e a filogenia não gritava a impossibilidade da abiogênese, crêr em Deus era uma piada. Agora, no entanto, a piada é crer no relacionamento com algo que julga-se ser essencialmente impessoal. "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu." Romanos 1.18-21 Seja feito o que bem desejar para que não se admita que somos obra de um criador que brilhantemente ordenou e destinou (deu finalidade) todas as coisas, sabendo, porém, que é cada vez mais necessário ter fé para adotar esta posição do que para crer nas palavras do autor hebreu que há 3400 anos disse que "no princípio criou Deus os céus e a terra" (2). Inevitavelmente, quanto mais estudarmos e analisarmos suas obras, mais seremos obrigados a concluir que Deus é vivo, verdadeiro e magnífico em seus feitos. Tentamos coisificá-lo, pois se admitirmos que ele existe, teremos também que reportarmo-nos a ele para saber quais são seus intentos em nós, o que o agrada que façamos e o que fará de nós, e essa é uma verdade dura demais para admitirmos. Quando baixamos nossas resistências, nos rendemos ao óbvio e confessamos Deus. Cremos, também por meio dos registros históricos judaicos, que não fomos desprezados e que nele há todo o interesse em interagir e relacionar-se individualmente conosco: "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça." Isaías 59.1-2. No entanto, para que não estivéssemos eternamente afastados de Deus, ele mesmo providenciou-nos redenção. A história, através do testemunho escrito dos apóstolos, afirma que Deus enviou seu "Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna"(3). Tais escritos sobreviveram à guerras, perseguições, distorções e traduções maldosas, para que as vozes dos antigos não se calem diante dos homens e das gerações e, por isso, hoje ainda nos afirmam: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. [...] Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus [..] E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai. João deu testemunho dele, e clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou adiante de mim; porque antes de mim ele já existia. Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." João 1.1-17
Quando damos ouvidos a estas palavras temos a convicção de que não somente existe um Deus como também este Deus está profundamente interessado em sua criação e que, por nutrir por nós um grande amor, enviou Jesus para que por meio do seu sacrifício tenhamos religação com ele. A história da humanidade admite Cristo, e a Palavra, unida ao testemunho da Igreja, afirma que este mesmo Jesus ressuscitou e vivo está, e vem mais uma vez entre os homens para buscar aqueles que nele esperam e confiam, que creem que ele é não um guru ou simplesmente um sábio filósofo judeu, mas o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo(4), a fim de que os salvos estejam eternamente com ele. É por meio de registros históricos que Cristo continuamente nos diz: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." Apocalipse 3.20 Somos, portanto, profundamente racionais ao crer em Deus e em nosso salvador, seu Filho Jesus Cristo.

Você está convidado à uma reflexão livre de conceitos pré-estabelecidos e culturalmente herdados. (1) Wikipedia.org (2) Gênesis 1.1 (3) João 3.16 (4) João 1.29 Marcelo Belchior 09.06

terça-feira, setembro 12, 2006

Aí estão os comments

O cruel silêncio me venceu, dona Rachel.

"Que tenho eu contigo, Jesus,
Filho do Deus altíssimo?"

Não, eu não sou uma legião de espíritos e também não há uma vara de porcos nas proximidades (MC 5.1-15). Essa frase, no entanto, poderia também ser minha, não por temor, mas por um genuíno espanto ao deparar-me com Cristo no porvir, caso acreditasse na teoria da “amnésia celestial”.
Explico: é comum entre os cristãos crer que, ao encontrar-se com Deus no Paraíso, ninguém mais lembrará de coisa alguma. Nem de fatos, nem de pessoas.
Fantasio este Céu de desmemoriados: não há, obviamente, tristezas nem dores pelos entes queridos que não creram no único Mediador e Salvador ofertado por Deus. Não há pranto por aqueles irmãos que não se mantiveram firmes em seus propósitos com Cristo. Não há lembranças de nossas gafes teológicas, multiplas denominações e doutrinas estapafúrdias. Neste Céu, também não lembramos mais das hierarquias sociais, religiosas e familiares, e somos todos, igualmente, filhos de Deus, pois Jesus, seu poderoso Filho, nos salvou. Só não sabemos exatamente do que.
No Céu dos desmemoriados não haverá a alegria da salvação, o júbilo de vitória, os abraços apertados dos irmãos que, em Cristo, venceram o pecado e a morte e alegremente ceiam com seu Senhor na glória. Nada de lágrimas de felicidade ao encontrar velhos irmãos e entes amados que antes morreram. Neste Paraíso não vai haver aquele sonhado abraço e aquele beijo tão esperado no rosto do Senhor Jesus, seguido do nosso "muito obrigado" por tão grande salvação ofertada. Nada de dores, nada de traumas, nada de saudades, mas também, nada de gratidão.
Assim, o Paraíso ficará mais pobre, mas estaremos livres de chorar por aqueles que rejeitaram o Filho do Deus altíssimo e seu magnífico sangue derramado como prova de um amor que ninguém jamais sentirá por nós. Neste Céu, preferiremos não saber quem exatamente Cristo é, para, na verdade, somente não sofrermos por aqueles que, muito menos que ele, nos amaram.

Marcelo Belchior 09.06

segunda-feira, setembro 04, 2006

Me ajude, Supernanny!


Original da matéria: http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_54983.asp

Parece engraçadinho ouvir isto de pais desorientados, nas tardes de domingo do SBT. Mas não é.
Supernanny é um dos retratos mais tristes da moderna educação de filhos.
Pais que não impõe limites às crianças, não imporão aos adolescentes.
As 3 meninas que estavam no carro da foto acima tinham entre 16 e 17 anos. Eram 5:40 da manhã.
Quiçá uma educação à moda antiga não teria
poupado-lhes a vida?

segunda-feira, agosto 28, 2006

“Vejo flores em você”

Vou também dizer que te amo e que entre nós nem tudo é desgosto; que apesar dos nossos dissabores, você é linda e amável; que você é cheia de alegria, de sorrisos abertos, de palavras de afeto, de brincadeiras entre amigos, de apoio em momentos difíceis e abraços nas vitórias do dia a dia. Sim, você é linda! Vou também dizer que foi com você que conheci o maior amor do mundo; que foi você que me conduziu ao que está escrito e que, mesmo correndo o risco da divergência, me ensinou e incentivou a pensar sozinho. Você me enriquece, me instrui, me amadurece. Sim, você me acrescenta! Vou lembrar que eu também estou em você, e só isso já é suficiente para impedi-la de ser perfeita. Vou também considerar que embora você me rotule, me imponha bandeiras e logomarcas, é em você que consigo um vislumbre das miríades de miríades dos comprados com o sangue do Cordeiro. Preciso não somente criticá-la, mas também dizer que te amo, igreja. Sim, você é muito preciosa para mim. Marcelo Belchior – 08.2006

quinta-feira, agosto 17, 2006

Santidade e Vaidade em duas frases

"O mais limpo não é o que menos se suja,
mas o que mais se lava"
Pr. Ezequiel Teixeira
"Quando você se sentir muito 'fera',
o inimigo já te enredou, porque lugar de feras é na jaula"
Pr. Denilson Alves

quinta-feira, agosto 10, 2006

Quanto custa, Deus?

Deus, quanto custa tua mão sobre mim? Quanto custam teus ouvidos atentos à minha voz? Quanto custa o cumprimento da tua Palavra? Quanto custa teu suprimento em alimentos, roupas, abrigo, saúde, segurança e paz? Quanto custa tua guarda durante as noites violentas, Deus? Quanto custa viver em amor com aqueles que são preciosos? Quanto custam o emprego, o salário, os amigos e irmãos amados sempre à volta? Quanto custam todas as tuas incontáveis bênçãos? Com quanto eu posso te comprar, Deus? Quanto eu devo pagar pelo perdão dos meus pecados? Quanto eu te devo pela tua longanimidade, tua paciência e misericórdia todos os dias? Quanto custa teu amor, Deus? Teu carinho? Teu zelo? Tua Palavra? Quanto custam os dias? Quanto custam a lua, o sol, as estrelas, o mar, as serras e montanhas? Quanto custam a luz que entra pelos meus olhos, os sons que captam os meus ouvidos, ou o perfume da minha mulher e dos meus filhos? Quanto eu te devo pela salvação, Deus? Que tipo de negócio vantajoso eu posso fazer contigo para possuir mais do que o Senhor, liberalmente, tem me dado? Que tipo de negociata eu e o Senhor podemos fazer? Quanto é minha parte nesse esquema? Quem primeiro te deu para, então, ser retribuído, Senhor? Quem foi o homem que te comprou com ofertas e dízimos? Quanto o Senhor cobra para ser justo, bondoso, amável, misericordioso e fiel salvador? Quanto custa para o Senhor nos amar e aceitar como somos? Quem pode te comprar, Deus? Quem pode comprar teu favor? Tem compaixão de nós, Senhor, e dos homens que insistem em engordar com carne de ovelhas magras. Sacerdotes que encheriam de vergonha o profeta Malaquias pela inversão da injustiça na Casa do Tesouro. Homens que se distanciam cada vez mais da realidade do povo, conduzindo ovelhas sem andar com elas, sem saber e vivenciar o cotidiano da massa que lideram. Induzem o povo ao desejo desenfreado de posses, conduzindo-os à incapacidade de serem gratos por tudo que já possuem e diariamente recebem. Furtam das ofertas a beleza da gratidão verdadeira, transformando-as em rentáveis negócios com o Todo Poderoso. Distorcem o dever de manter a tua Casa e aqueles que nela trabalham, transformando os dízimos em dívidas com cruel sistema de cobrança baseado numa exegese grosseira. Líderes que mantêm o povo constantemente sob os domínios do medo e das falsas promessas para, em vez de promover o equilíbrio proposto por Malaquias e Paulo, concentrarem riquezas. Tem misericórdia de todos nós, Deus. Ensina-nos o teu conceito de prosperidade. Abre os olhos do teu povo e não nos deixe perder a capacidade de ver o quanto somos abençoados por ti todos os dias. GRATUITAMENTE.

"Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem. Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância, a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade, como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou." II Cor 8.12-15
Marcelo Belchior – 08.2006

terça-feira, agosto 08, 2006

Músicas de Louvor

Circula por e.mails...

Certa vez um velho fazendeiro foi passar um fim de semana na capital, e no domingo visitou pela primeira vez uma grande igreja. Quando chegou em casa, a mulher lhe perguntou como fora a experiência?
- Bem, disse ele - gostei do culto deles, sabe? Mas eles fizeram uma coisa diferente: em vez de cantar hinos, cantaram "músicas de louvor".
- Músicas de louvor? O que é isso, homem?
- Não é nada de ruim, mulher. São músicas mais ou menos como hinos, só que diferentes.
- Ora, diferentes de que jeito?
- Como é que eu vou te explicar? Ah, já sei. Se eu dissesse pra você: "Marta, as vacas invadiram o milharal!", isso seria um hino.
Mas se eu te dissesse: "Marta, Marta, Oh! Marta! Marta, Marta, Marta. As vacas, as grandes vacas. As vacas marrons, as vacas pretas, as vacas brancas, as vacas malhadas. As vacas, vacas, vacas, vaaaaaaacas. Oh, vacas! Invadiiiiiiiiiram o milharal, estão no milharal, foram vistas no milharal, se encontram no milharal, milharal, milharal, milharal. Oh, milharal!!"
e repetisse tudo isso umas três vezes, então isso seria uma "música de louvor".

sexta-feira, junho 23, 2006

Falta o segador

Depois de "Terra seca", falta-me tempo. Idéias e temas estão aí em profusão. A igreja é viva e muito criativa... e inventa muita bobagem. Atualmente, vitupera-me a teologia relacional. Se Deus se surpreende, deve estar estupefacto.

quarta-feira, abril 12, 2006

Eu nasci para morrer

Quisera ter a felicidade de, neste exato instante, morrer, pois confio que a morte subjugará meu ego. Então, morto, enfim, porei os meus pés onde não quero, afagarei quem eu não amo, direi abertamente o que prefiro calar, instruirei-me do que é eterno e serei capaz de ouvir a doce voz daquele que, desde a eternidade, me amou e por mim entregou-se. Se eu agora morrer, viverá ele, por seu pleno direito, e meu dever e desejo. Já não será do meu jeito, não serão mais os meus sonhos, meus projetos e vontades. Será em mim, tudo, enfim, dele, por ele e para ele. Farei dele meu autêntico amado, em prosa, verso, poesia e ato. Será meu Senhor, e de fato. Desejo a morte da letargia que me toma, da crítica que lanço e nada constrói, das palavras com que machuco, do tempo que perco, do amor que não demonstro, dos meus hábitos nocivos, da vaidade que penso não ter e das feridas que me tornam amargo. Desejo a morte porque somente ela vai permitir, quando enfim eu partir, dizerem quão bom pai eu sou; bom esposo, bom amigo, bom irmão e bom filho. A morte me fará melhor do que jamais sonhei, no servo bom e fiel que entra no descanso do seu Senhor, eu me tornarei. Quando em mim tudo isso for prática e não somente um raso jogo de palavras, a outra morte, aquela que se inicia ao nascermos, torna-se-á de aflição, tormento ou dor, em perfume, alegria e aprisco, onde mais vivo que hoje verei o rosto do meu Senhor. 


“Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. II Cor 5.14 e 15 Marcelo Belchior – 12/04/06

sexta-feira, março 24, 2006

Como eu amo a tua lei!

Ricardo Gondim
Aconteceu num feriado. O sol já caminhava na metade do seu percurso quando preguiçosamente resolvi sair da cama. Sem coragem de tomar um ônibus para ir à praia, optei ficar em casa e ler. Fui até a estante, sempre abarrotada e sempre empoeirada, querendo um livro que me servisse de companhia naquele dia, que eu supunha sem importância. A Bíblia de capa preta se sobressaiu; parecia pedir-me que a escolhesse.
Eu já tentara ler a Bíblia, mas nunca consegui atravessar seu quarto livro, Números. Aquelas estatísticas intermináveis me faziam cochilar. Hesitei, mas parecia que duas mãos se estendiam do dorso, suplicando que eu a pegasse. Aquiesci e elegi o tomo negro. Adolescente, eu não cogitava grandes mudanças de vida. Ledo engano: depois daquele dia jamais seria o mesmo.
Deitei-me e comecei a folheá-la; lembrei que meus amigos crentes haviam me aconselhado a ler o Novo Testamento. Abri em Mateus e em poucos minutos cheguei ao Sermão do Monte. Cada versículo alongava-se das páginas como um punhal, lacerando minha alma. As verdades proferidas pelos lábios de Jesus me encurralaram. Mateus 7.13-14 levou-me a nocaute: “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram”. Assim, no começo da tarde, com a porta trancada, ajoelhado e resoluto, assumi um compromisso de seguir a Jesus Cristo por essa vereda estreita.
Desde aqueles verdes anos procurei referenciar minha vida neste livro magnífico. Tentei estudá-la; meditei em seus versículos em minhas horas tranqüilas; fiz palestras e sermões em suas verdades. Mas sinto que ainda não consegui chegar às margens da profundidade do conhecimento e sabedoria da Palavra de Deus. Quanto mais me detenho em seus ensinos, maior é meu espanto, meu maravilhamento.
A Bíblia é uma coletânea de livros com a história de pessoas, famílias, nações e, sobretudo, a linhagem do Messias. Fascinam-me os relatos milenares do comportamento humano nas crônicas, a sabedoria popular dos provérbios, a indignação dos profetas, as orações dos Salmos e a sistematização de verdades eternas das epístolas.
Alguns detalhes da Bíblia me deixam admirado. Ela nunca foi homogeneizada pelo poder eclesiástico. As histórias de seus heróis não foram retocadas. Assim, sabe-se que o patriarca Abraão mentiu e agiu impensadamente em diversas ocasiões; que Moisés, o homem mais manso que o mundo conheceu, irou-se; que Davi, o mais amado rei em Israel, adulterou e ainda tramou o assassinato de um soldado leal. A Bíblia não mascara que a igreja primitiva teve de aprender a conviver com pontos de vista distintos — Pedro e Paulo travaram debates ríspidos sobre usos e costumes; as igrejas plantadas no primeiro esforço missionário tinham idiossincrasias seriíssimas — a igreja de Corinto chegou a vulgarizar o sacramento da Eucaristia.
Ao contrário de outros livros sagrados, a Bíblia não alega ter sido ditada ou psicografada. Em 2 Pedro 1.21, o apóstolo reconhece que sua origem é divina, mas respeita a singularidade dos autores: “Pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens santos falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo”. O conceito teológico para sua “inspiração” significa que Deus respeitou a liberdade e as ambigüidades humanas, permitindo até possíveis contradições dos relatos históricos. Diante de circunstâncias diversas, os autores demonstraram que a revelação das verdades eternas podia se dar dentro de contextos geográficos, sociais e culturais distintos.
Contudo, a maior grandeza da Bíblia vem da encarnação. A chegada do Messias, seu breve tempo de vida na terra, seu curtíssimo ministério fazendo o bem e anunciando a chegada do reino de Deus, sua morte e ressurreição, constituem-se na mais alvissareira notícia já impressa. Até Jesus Cristo vir, Deus resumia-se a uma especulação filosófica ou religiosa. Os gregos afirmavam que, assim como um pássaro não pode voar até o infinito, os seres humanos, mortais, jamais poderiam alcançar a divindade eterna. No cristianismo, Deus fez o caminho inverso. “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). A singularidade da Bíblia vem da encarnação de Jesus. O filho de Maria fez Deus conhecido da humanidade. Paulo ressalta essa verdade em sua carta aos colossenses (Cl 2.9): “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.
Em João 14.8-9, Felipe pediu a Jesus o que toda a humanidade mais deseja: uma revelação completa de Deus: “‘Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta’. Jesus respondeu: ‘Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: Mostra-nos o Pai’?”
Todas as vezes que ouço a Bíblia sendo exposta, sei que suas verdades brilharão como feixes de luz, guiando o viajante pelas tortuosas estradas da vida, pois o Salmo 119.105 afirma: “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho”. Quando encontro alguém arqueado de culpa, gosto de recomendar o Evangelho de João. Qualquer um pode se colocar no diálogo entre Jesus e uma mulher prestes a ser apedrejada: “‘Mulher, onde estão eles [os seus acusadores]? Ninguém a condenou?’ ‘Ninguém, Senhor’, disse ela. Declarou Jesus: ‘Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado’” (Jo 8.10-11).
Passados milênios desde que a Bíblia Sagrada foi escrita, estudiosos se revezam tentando analisá-la, mas ela permanece um mistério. E diante do mistério reconhece-se a limitação humana. Razão e método não abrangem todo o “conselho de Deus”. Por isso, Paulo afirmou em Romanos 11.33-36: “Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém”.
Neste mundo sedento de esperança, a Bíblia pode tornar-se um manancial de vida, desde que volte a ser o livro de cabeceira que alimenta a vida devocional e o alicerce dos princípios que nortearão as decisões do dia-a-dia.
Soli Deo Gloria.

Original do site: www.ricardogondim.com.br

quinta-feira, março 02, 2006

Terra seca

Árido e infértil me lembro da minha mãe me dizendo: "quando você não tiver nada de bom pra dizer, fique calado!"

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Evangelho engomadinho


Foto: Sélio Morais

Num já distante fim de semana, me colocaram de surpresa dentro de uma rádio comunitária localizada em Japeri – uma distância sem fim, aqui, no estado do Rio –, que tem alcance de frequência em vários outros pequenos municípios vizinhos. Seu "estúdio" minúsculo e muito quente mal comporta duas pessoas, e as precárias instalações me fizeram congeminar se alguém ouvia o que saia daquele único e mal conservado microfone. Iniciado o programa da tarde, me impuseram o atendimento aos telefonemas. Penso que ao todo foram doze, um número nada mal para um empreendimento desse porte.
Atender àquelas ligações transformou-se em uma janela para um mundo que comodamente ignoro, de gente cheia de marcas, dores e quase nenhuma esperança. Vi, ao largo, uma existência muito abaixo da minha. Crianças que não precisam de segurança para brincar nas ruas, até porque elas não existem, mas para dormir em paz sem serem tomadas à força por aqueles que deveriam dar-lhes amor, aconchego e rumo. Nesse mundo, frequentemente o homem da casa não volta mais. “Foi atrás de uma vadia”. Se voltar, estará bêbado e agredirá mulher e filhos; as meninas engravidam aos 12 anos e estão apaixonadas pelos “heróis” da área; as mães retornam de um dia de trabalho muitas vezes sem nada ter a oferecer aos filhos; os guarda-roupas de pedaços velhos de compensado não guardam mais do que trapos e sapatos velhos obtidos em campanhas de doação. Famílias que nunca foram estruturadas. Crianças que nunca tiveram lápis e caderno à mão.
Nessa janela me debrucei e vi que meu evangelho não conhece e não alcança essa gente. Não inclui iletrados, idólatras, ignorantes, marginais ou presidiários porque é arrogante, hedonista e egoísta demais para isso. Meu evangelho não ora com a mãe do traficante para que ele se lembre do caminho em que foi instruído e se arrependa, mas, sim, para que o corrompido Estado se erga e me ofereça mais segurança para que eu ande com os vidros do meu carro abertos sem que o filho dela me incomode.
Meu evangelho alimenta-se de Bíblias caras, em várias traduções e versões; consome vorazmente cds importados de um mercado fonográfico bilionário, dvds de “achoração”, autores internacionais, suas coleções e estudos teológicos cheios de imperativos de prosperidade e conquistas. Ele é nobre, é cabeça, ocupa cargos públicos e eletivos, multiplica meus dízimos e ofertas por 30, 60 e até 100 vezes. Dá casa própria e carro do ano, compra terrenos e constrói mega templos, compra rádios e horários na televisão.
Meu evangelho está podre de rico, cheio de teologias e doutrinas, e esqueceu-se dos pequeninos, do próximo, da viúva, do aflito, do desamparado, do faminto, do injustiçado e do encarcerado. Esqueceu-se do Senhor, e precisa, desesperadamente, unir-se aos telefonemas que atendi e também clamar por socorro e misericórdia.

"Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas. Apocalipse 3.17-18

Marcelo Belchior 01.06

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Presunção Gospel

Poucas coisas são tão humanas quanto a capacidade de sentir-se melhor que o outro. É esse sentimento que nos faz perceber o erro alheio como um absurdo e o defeito como imperdoável. Em sociedade é fácil identificar os exacerbados na prática da supremacia, pois as ruas estão cheias de olhares altivos e presunçosos que delimitam nitidamente os degraus socioeconômicos. Sentimo-nos melhores por qualquer banalidade: porque sou branco, porque sou alto, porque sou homem, porque estudei, porque possuo, porque herdei... uma infinidade de superioridades enganosamente estabelecidas.
O orgulho impede-nos de enxergar a obviedade da igualdade, e é estranho perceber que temos prazer nesta cegueira. Fosse o resultado só a delimitação territorial não seria tão danoso, mas os problemas de todos os gêneros nos relacionamentos, invariavelmente, esbarram no orgulho e na vaidade. Sem a sensação de superioridade, perdoaríamos mais facilmente, seríamos mais predispostos à ajuda, à cooperação e ao entendimento. Aceitaríamos mais as diferenças, exatamente porque somos todos iguais.
Infelizmente, este mesmo comportamento manifesta-se dentro da igreja evangélica. Nossa intolerância contra o comportamento daqueles que nominamos pecadores, pagãos, incrédulos, e, em voga, ímpios, nos habituou à sensação de mais dignos. Afinal, segundo a Bíblia, somos salvos, alcançados, amados, filhos e herdeiros de Deus. Eles nada são. Não somente interpretamos assim como também agimos de maneira que isso fique bem claro.
Praticamos o isolamento quando na verdade o que Cristo pregou foi separação consensual, mas estando perto, e andando junto, nos conquistou e transformou sem jamais nos acusar ou repudiar.
Esquecemos do amor, da misericórdia, da longanimidade, da igualdade e linearidade na qual somos todos formados, e já saboreamos, por isso mesmo, o gosto amargo da estupidez quando, sob um faccioso e extremo calvinismo, estabelecemos em Genebra leis dirigidas por doutrinas religiosas, perseguindo e matando opositores em nome de Deus, sempre crendo fortemente que somos escolhidos, e os incrédulos preteridos. Crônico.
Antagônico o comportamento daqueles que esperam de si mesmos serem benignos, bondosos e mansos. Sal e luz para o mundo.
Como abismo chama outro abismo, também aprendemos a apreciar a sensação de melhores que os irmãos: a nossa oração, sim, Deus ouve e atende. Afinal, somos mais santos, mais justos, mais consagrados; nossa denominação é a melhor, salvação só por meio dela; nossa igreja é a maior, a correta, a veraz; pregamos melhor e com mais veemência o Evangelho; somos pastores mais capazes, doutores, phDs. A tolice não conhece freios: somos também deputados, senadores, somos bispos, apóstolos, thDs, sumo-pontífices, somos tudo, quase Deus; menos cristãos de verdade.
A presunção, sem dúvida, toma grande parte no nosso atual estado de doença, ou como já nos alertava a parábola: de sonolência. As dez virgens dormiram, mas graças a Deus que, no lance seguinte, o noivo bate à porta.

“Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: [...] as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas [...], e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito. Não nos tornemos vangloriosos, provocando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros”. Gálatas 5.19-26 Marcelo Belchior – 01.2006