sexta-feira, setembro 29, 2006

O gato hipoalergênico

Isaltino Gomes Coelho Filho
Joshua é o primeiro gato hipoalergênico (não produz alergia) do mundo. Produzido em laboratório, tem um ano e meio de vida. Inaugura uma espécie de gatos que estará à venda nos Estados Unidos, a partir de 2007, por quatro mil dólares. Há 30 milhões de americanos alérgicos a gatos, e que poderão ter um. O cálculo me impressiona: 30 milhões! Como americano é inteligente! Calcula até gatófilos alérgicos.
Gosto de gatos. Tive o Platão, Aristóteles, Sócrates, a Xantipa (mulher do Sócrates), Hegel, Schleiemacher, Kierkegaard e, menos sofisticada, a Ana Júlia. Tenho o Mahavira Rambo Gomes Coelho. Meu filho, um bom arquiteto, que seria um excelente veterinário, enche-nos de bichos. Deu-nos o Mahavira. Como tem pedigree, deu-lhe seu sobrenome. Que é o meu. O sobrenome cultivado desde d. Júlio Diniz (pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho) está num gato.
O homem é um gigante tecnológico e um pigmeu ético. Produz máquinas sofisticadas, mas não consegue viver com o próximo nem consigo. Fez o telescópio Hubble que lhe permite ver longe, milhões de anos luz. Mas não vê dentro de si. Disse Billy Graham: "É esta a geração que produziu o DDT para matar insetos, o 2-4-D para matar ervas, a fórmula 1080 para matar os ratos, e também E=MC ao quadrado para destruir a raça humana" (Mundo em chamas, p. 31).
Muitos pensaram que a tecnologia nos daria um paraíso terrestre. Eliminaríamos as doenças, resolveríamos as mazelas sociais com educação, e políticas sociais bem aplicadas trariam a sociedade perfeita. Explicamos tanta coisa! Intriga-me que de um ossinho encontrado se crie um esqueleto e conheçamos um novo ancestral, na escala da evolução humana. Com um osso do metatarso se conclui como era o olho e o tamanho do cérebro. Os cientistas são tão inteligentes como os calculadores de alérgicos a gatos. Explicamos tudo, menos a maldade humana. Como explicar Suzane Richentoff, massacres humanos, a corrupção que no Brasil parece tiririca, e outras coisas? Rouba-se verba de merenda escolar e hospitais!
Sobram explicações e soluções. "Educai as crianças e não será preciso punir os homens", já ouvimos. Os autores das câmaras de gás eram engenheiros. Experimentos sádicos foram feitos por médicos nazistas. Um programa de televisão mostrava aulas de balé dadas numa favela. Isso diminuiria a violência. Pobre não é violento por ser pobre. E balé não mitiga violência.
A sociedade rejeitou o ensino bíblico sobre o pecado. É transgressão da vontade de Deus para nós. Não se elimina com engenharia genética ou melhora social. Podemos produzir vacinas e tratamentos para todas as enfermidades. Mas a que se chama pecado não pode ser curada por nós. Nenhum laboratório pode criar um homem alérgico ao pecado. O mito da bondade inata do homem se desmancha diante dos fatos. "De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido" (Sl 51.4) mostra a força do pecado. Ele não é opcional. Nem evitável. Todos somos pecadores. Não há pessoas boas. E pecado, como bem acentuou Lutero, não é questão moral, mas teológica: desprezo a Deus, ao seu juízo e à sua graça.
Não há hipoalergenia ao pecado. Somos dominados por ele, e por causa dele cometemos pecados. Mas há uma vacina contra os seus efeitos: a graça manifestada em Jesus Cristo. Não foi produzida em laboratório, mas na cruz do Calvário. Ela impede a morte eterna, e um dia, com o Médico que a produziu, Jesus, teremos a perfeição, a cura completa.
Mais importante que Joshua é Jesus Cristo. Parabéns aos engenheiros genéticos que produziram o Joshua. Glórias a Deus que nos deu seu Filho, que nos purifica de todo o pecado. Não só 30 milhões de americanos, mas o mundo todo precisa de Jesus, o maior remédio de todos os tempos para a maior enfermidade da história, o pecado.

O Jornal Batista, edição 41/2006