terça-feira, setembro 04, 2007

Monogamia: novos argumentos,
velha discussão

O Mito da Monogamia é o título que chegou às prateleiras brasileiras no início do mês de agosto e que, desde o ano passado, nos EUA, vem botando lenha nova num braseiro aceso desde o início da humanidade. O casal monogâmico David Barash e Judith Lipton tentam atestar, por meio de sérias pesquisas científicas, que o casamento não passa de uma união de fachada para a maioria dos seres humanos. Segundo os autores, os homens são polígamos por natureza e as mulheres naturalmente infiéis.
O argumento biológico em favor da multiplicidade de parceiros não é novo, mas nas páginas deste livro ganhará força pela amplitude das pesquisas no reino animal em diversos espécimes, desde macacos a moscas. É claro que não esqueceram de adicionar às páginas os argumentos antropológicos sempre citados pela classe literária mais culta, da comodidade e da conveniência das sociedades modernas na gestão de bens e na criação de filhos como sendo os principais motivos para a sustentação do modelo monogâmico.
Agita-se os ingredientes e sai aí mais um campeão de vendas que fomenta a mídia, movimenta o mercado, evidencia os autores, municia mentes fracas, alivia a culpa dos adúlteros e anima os papos de botequim.
"Os infantes têm a sua infância. E os adultos? O adultério." Não é a primeira vez e nem será a última em que ouviremos atrocidades como esta em favor do desmantelamento progressivo da instituição do casamento como conhecemos hoje, mas, com certeza, o que sistematicamente se faz é ignorar que a argumentação da comodidade socioeconômica como fundamento de "uma utopia", esbarra no fato de que em séculos anteriores, em todas as culturas, a poligamia foi a melhor e mais coerente forma de união conjugal por causa dos perfis políticos, militares, econômicos e diplomáticos que possuíam. Raríssimas vezes esses relacionamentos fundaram-se sobre o amor entre os cônjuges que de forma alguma se escolhiam. E isto era relativo apenas às camadas mais altas das sociedades - pobres nem casavam-se. Ignora-se o fato de que a mulher era, e ainda é em muitas culturas orientais que sustentam a poligamia, vista como propriedade de seu marido. Foram as evoluções cultural, intelectual e religiosa, esta última pelo Cristianismo, que amplificaram o feminino grito de liberdade e que aplainaram a estrada da monogamia ainda no primeiro século AD. Foi justamente a liberdade, não a comodidade e a conveniência, que deu poderes ao amor exclusivo e exclusivista entre homens e mulheres.
Os novos argumentos biológicos são, no máximo, curiosos. Comparar a complexidade dos relacionamentos humanos à cópula de moscas e ao bacanal de primatas é tão tosco quanto tentar justificar infanticídios ou várias outras selvagerias humanas pelo mesmo argumento de similaridade.
De verdade, não há nada de novo nessa novidade científica e literária. A Bíblia, há mais de 1900 anos, afirma que, biologicamente, somos não somente adúlteros, políginas e poliândricas, como também homicidas, ébrios, egoístas, invejosos e coisas semelhantes. Mostrar, portanto, que tudo isso é inerente ao ser humano não tornou nenhuma dessas características agradáveis ou mesmo socialmente aceitáveis durante todos esses séculos.

"Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo." Efésios 5.28