terça-feira, setembro 11, 2007

Moedinha



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A justiça paulista determinou que uma denominação evangélica devolva R$2mil, acrescidos de juros e correção monetária, a um fiel que se arrependeu de fazer uma doação.
O crente diz que foi induzido pelo pastor que prometeu que, pela tal oferta, Deus iria abençoá-lo financeiramente, mas que se ele se recusasse o diabo iria tirar o pouco que lhe restava.
O precedente está lançado e qualquer um que se sinta lesado pelos mesmos motivos, sob os mesmos argumentos, pode pedir na justiça seu dinheiro de volta. Caso Deus não cumpra sua parte no acordo comercial firmado por seus representantes, que chegam a prometer 10.000% de rentabilidade às ofertas - o famoso cem por um - processe-o!
O que estão vendendo é um Deus mercadológico de escambo religioso. É umbanda gospel, na qual a entidade espiritual torna-se refém de interesses mesquinhos, mediante um despacho em moeda corrente. Se não funcionar, desfaça o negócio. É justo.
Infelizmente sei que não vai haver um estouro de boiada rumo aos tribunais. Este é um caso isolado. Não vai haver uma enxurrada de processos semelhantes simplesmente porque a maior aliada dessa liderança evangélica não é a promessa de prosperidade, mas, sim, a ameaça de destruição. Funciona sempre da mesma forma: se você não pagar o que deve a Deus, ele vai soltar seus rottweilers cobradores, seu SPC e SERASA, também conhecidos como gafanhotos devoradores, migradores, cortadores... O medo não só garante a arrecadação como também inibirá outras ações nos tribunais. Deus é mau! Cuidado com ele.
O golpe só será sentido por essas instituições gospel-bancárias no momento em que o gado começar a notar que Deus abençoa e guarda por causa do seu amor e fidelidade, e não porque sua graça e misericórdia têm preço. Quando as mentes desembotarem, haverá abalo nos cofres das denominações que apoiaram a sobrevivência de suas instituições no medo e na ignorância, em vez de no amor e na verdade. Dois mil reais, por enquanto, é moedinha.