quinta-feira, março 29, 2007

Justiça

Fábio Teixeira
Todos clamam por justiça. Não é possível tanta impunidade. Não é aceitável que nossa terra tão garrida e mãe gentil tenha se tornado, irremediavelmente, uma madrasta no sentido waltdisneano da palavra, privilegiando seus enteados de caráter corrompido e matando seus inocentes filhos de fome e sede de justiça.
Este nó na garganta não pode ser desatado pelas unhas do esquecimento e da omissão egoísta que nos dá a impressão de estarmos blindados contra o mal. A justiça exige uma ação corretiva para todos os que maculam a ordem social. Nós, brasileiros, exigimos justiça. Com gosto de sangue na boca, punhos cerrados, coração ferido e um ar de desencantamento pelo atual estado de saúde da pátria, que insiste em não se deixar medicar.
Triste é a realidade.
Deus é justo e justificador. Mesmo diante das infâmias humanas Seu amor renova-se a cada manhã. Olhando pra este amor ainda podemos ver a esperança. O Sol da Justiça raiará, um Reino de justiça haverá, Cristo voltará. O Justo Juiz julgará a todos, grandes e pequenos, opressores e oprimidos, fortes e fracos. Nesse dia nada justificará os injustificáveis, nenhum dinheiro sujo limpará as roupas sujas da iniqüidade de ninguém. Diante Dele não há propina, não há mentira, não há cara de pau, pois Ele nos enxerga de todo. Neste dia o joio e o trigo serão de fato separados e os que têm sede e fome de justiça serão saciados.
O dia da vingança de nosso Deus há de vir.
Saúde e paz.

Original de www.menteiluminada.blogspot.com

quarta-feira, março 14, 2007

Dois tiros

Não, não é a mais um caso carioca que me refiro, mas aos dois últimos polêmicos tiros da igreja católica. O mais recente foi disparado pelo sumo-pontífice romano: "segundo casamento é uma praga social". E é mesmo.
Babo de inveja da coragem demonstrada por este líder religioso ao lançar-se no caminho oposto de inúmeras sociedades para reafirmar valores cristãos da instituição que dirige, sem nenhuma chance de negociação ou "jogo de cintura". Uma pena que líderes evangélicos não sejam tão firmes. Não somente aceitam, como também vivem múltiplos casamentos.
A Bíblia admite o divórcio somente porque nossos corações são duros, mas quanto ao casar-se de novo é bem clara - trata-se de adultério. Se não dá mais para viver com aquele(a) que outrora era um grande amor, viva só. Ou reconcilie-se. É porventura dura demais para você esta palavra? Então não considere-se cristão, pelo menos não Católico Apostólico Romano. Bom disparo.

O outro tiro foi de Dom Geraldo Majella, presidente da CNBB: "A camisinha faz com que as pessoas façam do relacionamento sexual momentos sem nenhuma conseqüência”. Com isso eu descordo.
O preservativo de latex não estimula ninguém a nada. Independente da distribuição de preservativos, as pessoas estão cada vez mais promíscuas. O resultado é um número cada vez maior de infectados de toda sorte de doenças sexualmente transmissíveis que se penduram no dinheiro público para financiar seus tratamentos médico-hospitalares. Cabe então ao Estado defender os cofres públicos, livrando-nos de custear mais e mais coqueteis de comprimidos.
À igreja cabe apontar o pecado, suas conseqüências, e um novo caminho para o pecador.
Os papéis institucionais são claramente distintos: quando a igreja diz "não use camisinha", ela está dizendo que precisa haver mudança na vida das pessoas; e quando o governo diz "use camisinha", ele está dizendo que não tem como arcar com as despesas de uma juventude desorientada.
O governo sabe que seria ineficaz levantar a bandeira da "moral e dos bons constumes" para conter os gastos do Ministério da Saúde. O que lhe resta é, se não à causa, o combate ao efeito, distribuindo borracha para quem queira.
Quanto a igreja, faz-se necessário a percepção que a mania de catequese é perniciosa. Querer se utilizar do Estado como ferramenta de conversão nos dá trajes de ignorância e hipocrisia, não combate a causa e, muito menos, o efeito. É o tiro que sempre sai pela culatra.

Marcelo Belchior 03.07