...e aqui, com esta última postagem aí embaixo, me despeço dos poucos leitores. Fim de ano é inviável escrever qualquer coisa – pago todos os pecados de vagabundagem que cometo durante todo o ano. Deus nos guarde e nos mantenha firmes no verdadeiro Evangelho de seu filho. Bom natal e feliz reveillon! Até Março.... fui.
Marcelo Belchior
terça-feira, novembro 13, 2007
Minha avó, sua certeza e o
apostador insensato.
Não mais tenho avós paternos. Há uma semana, me despedi pela última vez da minha avó. Domingo à noite, mais uma vez sentiu-se mal, mas preferiu sofrer as dores calada, não obter socorro e ir ao encontro do seu Senhor. Vovó era a madrasta de meu pai – cuja mãe morrera quando ele ainda tinha 12 anos de idade – foi a mulher que conheci como companheira de meu avô e mãe dos meus tios. Minha avó de fato. Era crente do tipo carola, com direito a coque, saião, Bíblia debaixo do braço e cabelo sem corte. Seu humor e sua fé eram ímpares.
Ontem, ao perder o sono no meio da madrugada, não consegui parar de pensar numa frase inquietante de um tio naquele funeral: "Quando morrer não quero nada disso. Me enterrem e pronto. Não creio em nada depois da morte". A comparação que me tirou o sono foi inevitável: de um lado, uma mulher de 73 anos que se deixa morrer motivada pelo cansaço da vida, quiçá também pela solidão, mas também pela sensação do dever cumprido e pela certeza absoluta do seu destino pós-morte. Fiquei imaginando como deve ser sentir o coração parando e manter o silêncio, esperando ser tirado da única realidade que se conhece. Essa completa ausência de pavor diante do desconhecido é no mínimo inspiradora... mas, do outro lado, tenho um tio dizendo crêr na inexistência. Que aposta suicida! Se não existe nada no pós-morte, nada se ganha, mas também nada se perde. Se existe reencarnação, também nada se perde, mas, sendo o Evangelho de Cristo a única verdade, as perdas são imensas e as fichas que se vão são irrecuperáveis para quem em Deus não empenha sua vida. Se Evangelho é uma filosofia apenas, então é de todas a mais cruel, pois fora dele ninguém se salva da morte. Então a pergunta que não consigo parar de fazer é: por que apostar a vida numa jogada em que a derrota e o vazio da inexistência são a única certeza e garantia? Certamente meu tio não se permitirá morrer sem uma agonizante luta pela única vida que crê existir. O pavor, o terror e o suor frio lhe estão garantidos. Penso como Pascal: eis a insensatez em sua mais palpável forma.
Ontem, ao perder o sono no meio da madrugada, não consegui parar de pensar numa frase inquietante de um tio naquele funeral: "Quando morrer não quero nada disso. Me enterrem e pronto. Não creio em nada depois da morte". A comparação que me tirou o sono foi inevitável: de um lado, uma mulher de 73 anos que se deixa morrer motivada pelo cansaço da vida, quiçá também pela solidão, mas também pela sensação do dever cumprido e pela certeza absoluta do seu destino pós-morte. Fiquei imaginando como deve ser sentir o coração parando e manter o silêncio, esperando ser tirado da única realidade que se conhece. Essa completa ausência de pavor diante do desconhecido é no mínimo inspiradora... mas, do outro lado, tenho um tio dizendo crêr na inexistência. Que aposta suicida! Se não existe nada no pós-morte, nada se ganha, mas também nada se perde. Se existe reencarnação, também nada se perde, mas, sendo o Evangelho de Cristo a única verdade, as perdas são imensas e as fichas que se vão são irrecuperáveis para quem em Deus não empenha sua vida. Se Evangelho é uma filosofia apenas, então é de todas a mais cruel, pois fora dele ninguém se salva da morte. Então a pergunta que não consigo parar de fazer é: por que apostar a vida numa jogada em que a derrota e o vazio da inexistência são a única certeza e garantia? Certamente meu tio não se permitirá morrer sem uma agonizante luta pela única vida que crê existir. O pavor, o terror e o suor frio lhe estão garantidos. Penso como Pascal: eis a insensatez em sua mais palpável forma.
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